25 de julho - Dia Internacional da Mulher Negra
Todos os dias eu saldo e agradeço as minhas ancestrais, que são também minhas heroínas e inspiração, cada passo dado por essas me trouxe até onde estou agora. Salve Aqualtune, Salve Antonieta Barros, Salve Carolina Maria de Jesus, Salve Dandara dos Palmares, Salve Luiza Mahin, Salve Nzinga, Salve Tereza Benguela, Salve Lélia Gonzalez, Salve Maria Felipa e todas as pretas lutaram e lutam por nossa libertação.
Hoje, 25 de julho é o dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha, hoje é dia de relembrar e refletir sobre a importância da luta anti-machista, anti-racista e anti-capitalista. Afinal, nós mulheres de cor estamos na da pirâmide socioeconômica do país, somos as principais vítimas de feminicídio, das violências doméstica e obstétrica e da mortalidade materna.
Esse ano completa 30 anos desde a realização do primeiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas, em Santo Domingos, na República Dominicana. Hoje não é um dia de comemoração, nem festa. A ideia da data é fortalecer as organizações voltadas às mulheres negras e reforçar seus laços, trazendo maior visibilidade para sua luta e pressionando o poder público.
No Brasil, hoje também é o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Tereza de Benguela foi líder quilombola que viveu no século XVIII e foi morta em uma emboscada. Tereza foi rainha do quilombo do Quariterê, no Mato Grosso e teve grandes feitos como, por exemplo: criou um parlamento local, organizou a produção de armas, a colheita e o plantio de alimentos e chefiou a fabricação de tecidos que eram vendidos nas vilas próximas.
Refletir no lugar da mulher negra na sociedade é pensar em toda sociedade, é precisa a fala da Angela Davis: “Quando a mulher negra se movimenta, toda a estrutura da sociedade se movimenta com ela”. Por isso é preciso mudar as bases do capitalismo, descolonizar o pensamento para buscar soluções interseccionais, pois como Audre Lorde nos ensina: "não há hierarquia de opressões." Por isso hoje é um dia de refletir e contribuir com a luta femininista, anti-racista, contra a lgbtfobia, contra as opressões de classe.
São tempos difíceis e de pouca esperança, mas tem uma fala da Antonieta de Barros que muito me motiva: “Não será a tristeza do deserto presente que nos roube as perspectivas dum futuro melhor (...), onde as conquistas da inteligência não se degenerem, em armas de destruição, de aniquilamento; onde os homens, enfim, se reconheçam fraternalmente. Será, contudo, quando houver bastante cultura e sólida independência entre as mulheres para que se considerem indivíduos. Só então, cremos existir uma civilização melhor.”
Para uma sociedade melhor, é preciso condições de vida melhor paras as mulheres negras... Por isso eu escrevo, para que nossa história e nossa voz reverbere, para que fique marcado nosso nome e sobrenome e me mantenho como ensinou Vilma Reis de cabeça erguida e o "bico na diagonal" Avancemos!
Texto de Aryelle Almeida
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