História da Literatura – Principais Movimentos Literários
Sambemos que a criação da escrita surgiu cerca de 4.000 anos antes de Cristo na Mesopotâmia (A região onde hoje se encontra o Iraque) e deu fim a Pré-História, dando início a História da humanidade e que a escrita surge em um primeiro contabilizar a produção e registrar o cotidiano. Mas não demorou muito para que a humanidade começasse a utilizar a escrita de forma artística.
Contudo, é importante ressaltar que a literatura surgiu muito antes da escrita, afinal como disse Aristóteles, a literatura “é mimese (imitação); é a arte que imita pela palavra“, logo, existe uma expressão verbal da literatura, mas foi a escrita que permitiu que muitas obras literárias ultrapassassem seu tempo. Exemplos que podemos dar do que foram os primeiros passos literários da humanidade são a Epopéia de Gilgamesh (datada de aproximadamente 2 000 a.C., na Mesopotâmia) e o Livro dos mortos (escrito aproximadamente no ano 1600 a.C. no Egito), além desses podemos citar também A Arte da Guerra de Sun Tzu, um tratado militar escrito durante o século IV a.C.
A literatura sapiencial mesopotâmica (declarações de sábios que oferecem ensinamentos sobre divindade e virtude) serve de base para os escritos de Hesíodo (poeta oral grego da Antiguidade) e é a literatura grega que vai fundar as bases da literatura ocidental.
Ilíada e Odisseia, poemas atribuídos a Homero, são as obras que vão revolucionar a literatura ocidental. Tais poemas narram as aventuras de Ulisses e da Guerra de Troia. Além de Homero, podemos citar como grandes autores da Grécia Antiga: Píndaro, Safo e Anacreonte.
Entre os séculos I a.C. a II d.C., em Roma, surgiram diversos estilos literários como, por exemplo, a sátira. Dentre os escritores se destacam Lucrécio, Cícero, Catulo, bem como os poetas: Horácio, Ovídio e Virgílio, bem como Sêneca, Petrônio e Apuleio.
Com a queda de Roma e o início da Idade Média e do feudalismo, a Igreja Católica fica com o monopólio da produção da literária, até que no século XI surgem as Canções de Gesta narrando oralmente as histórias de guerra vividas nos séculos VIII e IX. Nesse mesmo período são criadas as novelas de cavalaria, como as que contam as aventuras em busca do Santo Graal (Cálice Sagrado) e as lendas do rei Artur e dos Cavaleiros da Távola Redonda.
A partir do século XII, surgem as cantigas de escárnio (crítica indireta) e de maldizer (crítica direta), nesse período também surgiram as poesias líricas onde os trovadores declaravam seu amor platônico e se tornavam vassalos de suas amadas.
Com a decadência da Idade Média e do monopólio da Igreja Católica no que tange a cultura, surge o Humanismo, literatura mantém características religiosas, contudo passa a valorizar mais o ser humano. Os autores que se destacam nesse momento é Dante Alighieri, Giovanni Bocaccio, Francesco Petrarca e Gil Vicente. Deve-se destacar que esse movimento representou um período de transição entre o Trovadorismo para o Classicismo.
Já no século XVI surge o Classicismo ou Literatura Renascentista, durante o Renascimento, que traz a cultura greco-romana de volta para o centro das atividades culturais. É durante esse período que a literatura portuguesa ganha destaque mundial com Luís de Camões que escreveu Os Lusíadas, narrando as aventuras marítimas da época dos descobrimentos. Na Inglaterra, o escrito de maior sucesso foi William Shakespeare, enquanto na Espanha, Miguel de Cervantes ganha destaque com famosa obra Dom Quixote de La Mancha.
Deve-se lembrar que o Classicismo ocorre ao mesmo tempo que o Quinhentismo no Brasil. Como características principais desse período temos:
- Humanismo – valorização do homem (antropocentrismo)
- Valorização da racionalidade (valorização da ciência)
- Valorização da cultura grega (paganismo: valorização de religiões não monoteístas.)
- Hedonismo – busca por satisfação dos desejos
- Neoplatonismo – amor sensual e, em simultâneo, platônico
- Equilíbrio formal – utilização de poemas de formas fixas, rimas e métricas regulares
- Doce estilo novo – gosto pelo verso decassílabo
- Personificação – elementos da natureza personificados
Em resposta a Reforma protestante, as ideias da Contrarreforma fulguram o século XVII, principalmente nos países de tradição católica como, por exemplo, Espanha, Itália e Portugal. Nessa contexto, surge o movimento Barroco, uma estética que reflete essa tensão entre a fé e a razão, entre espiritualismo e materialismo.
No que tange a literatura, o barroco enaltece o culto da forma, utilizando linguagens lúdicas e sua capacidade de surpreender e cativar o leitor mediate efeitos inesperados, bem como com raciocínios lógicos paradoxais. Destarte, o barroco tem como característica o requinte formal dos textos poéticos, o cultismo e o conceptismo. Além disso, é singular dessa escola literária o apresso pelas figuras de estilo, de imagens, e sugestões, pelo uso da sintaxe, com destaque para figuras como hipérbatos, metáforas e antíteses.
No século XVIII, entra em cena o Neoclassicismo (novo classicismo), escola que valoriza a razão e da ciência, retomando os ideais clássicos e se opondo aos exageros, rebuscamento e complexidades do Barroco. É também o período dos filósofos iluministas como, por exemplo, Montesquieu, Voltaire, Denis Diderot, D’Alembert e Jean-Jacques Rousseau, após Revolução Francesa e durante a Revolução Industrial.
Na literatura, o principal movimento alinhado aos ideais neoclassicistas foi o Arcadismo que recebe esse nome por conta das Arcádias (sociedades literárias dedicadas a inserir as produções escritas nessa nova ordem social) que era composta pela burguesia que imergia no contexto político-econômico e cultural.
As principais características desse período literário são textos amenos, contemplativo que buscam o equilíbrio, para isso os escritores recorriam ao bucolismo, aos temas pastorais e a exaltação dos elementos da natureza. Ademais, os poetas árcades tinham o habito de assinassem seus versos em pseudônimos com nomes de pastores gregos e romanos.
No que tange a temática e estilo greco-latino, os poetas recorriam tanto às formas helenísticas de poesia (ode, epicédio, canto, etc.), como as figuras imaginárias da Grécia Antiga como, por exemplo, as ninfas, as musas, os deuses e os pastores. Destarte, os principais temas árcades podem ser resumidos em expressões latinas muito populares na época:
- Fugere urbem, ou seja, “fuga da cidade”. A ordem natural dos ciclos da terra e do fluxo das águas devolve o equilíbrio do espírito humano.
- Locus amoenus, “local ameno”, para onde o poeta deve dirigir-se.
- Aurea mediocritas, “o meio-termo é de ouro”: em oposição aos excessos do barroco, o arcadismo procura o equilíbrio.
- Inutilia truncat, “eliminar o supérfluo”: a linguagem deve ser simples, objetiva, clara e racional, sem adornos.
- Carpe Diem, é parte da frase latina carpe diem quam minimum credula postero, extraída de uma das Odes, de Horácio, e tem numerosas traduções possíveis: “colhe o dia”, “desfruta o presente”, “vive este dia”, “aproveita o dia” ou “aproveita o momento”
Ainda no século XVII, surge, por sua vez, o Romantismo, movimento que dura até o século seguinte e valoriza a liberdade de criação. Se opondo a racionalidade exaltada pela escola anterior, a fantasia e o sentimento são muito valorizados no Romantismo, o que traz a tona obras de grande subjetivismo. Ainda aqui há também valorização dos aspectos ligados ao nacionalismo.
Uma das primeiras obras que vai lançar as bases do sentimentalismo romântico e do escapismo pelo suicídio foram estabelecidas pelo romance “Os sofrimentos do jovem Werther“, de Goethe, publicado na Alemanha em 1774. Na Inglaterra, por seu turno, o Romantismo se manifesta apenas nos primeiros anos do século XIX, com a poesia ultrarromântica de Lord Byron e com o romance histórico Ivanhoé, de Walter Scott.
Além dos supracitados, outros escritores importantes desta época: Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Camilo Castelo Branco, Victor-Marie Hugo, Giacomo Leopardi, James Fenimore Cooper, Alexandre Dumas (pai) e Edgar Allan Poe.
Na literatura, as principais características do romantismo são:
- Oposição ao modelo clássico;
- Estrutura do texto em prosa, longo;
- Desenvolvimento de um núcleo central;
- Narrativa ampla refletindo uma sequência de tempo;
- O indivíduo passa a ser o centro das atenções;
- Surgimento de um público consumidor (folhetim);
- Uso de versos livres e versos brancos;
- Exaltação do nacionalismo, da natureza e da pátria;
- Idealização da sociedade, do amor e da mulher, sendo que a mulher é vista como uma semideusa, isto é, possui diversas virtudes e é o mais próximo da perfeição absoluta na realidade terrena.;
- Criação de um herói nacional;
- Sentimentalismo e supervalorização das emoções pessoais;
- Subjetivismo e egocentrismo: os escritores românticos e as suas obras recaíam na valorização do interior do indivíduo, portanto, havia um culto ao ego e à subjetividade do ser;
- Saudades da infância;
- Fuga da realidade – Escapismo: ocorre de diversas formas, seja pela imaginação, pela fantasia, pela volta ao passado, pela nostalgia e pelo espaço.
Na segunda metade do século XIX, surge o Realismo, marcado pelo romance Madame Bovary, de Gustave Flaubert, em 1857. O movimento se apresentou de forma crítica a realidade do mundo capitalista e suas contradições. Aqui, o ser humano é retratado em suas qualidades e defeitos, muitas vezes vítimas de um sistema difícil de vencer, ou seja, se opondo ao Romantismo onde a humanidade era idealizada.
Esse movimento sentiu a necessidade de retratar a vida como ela era de fato, escancarar os problemas e os costumes das classes média e baixa e trazer a reflexão à tona, manifestando os aspectos sociais e políticos.
Como representantes desse período podemos citar: Gustave Flaubert, Charles Dickens, Fiodor Dostoievski, Leon Tolstói, Eça de Queiroz, Cesário Verde, Antero de Quental.
As principais características são:
- Descrições de situações sociais;
- Valorização da narração de fatos objetivos e concretos;
- Quebra com a idealização do Romantismo, relatando fracasso social, miséria e adultério;
- Narrativa impessoal, sem interferências do autor;
- Priorização da prosa realista e contos;
- Críticas às classes dominantes, à hipocrisia e aos costumes da nova burguesia;
- Aceitação e descrição da realidade tal como ela é;
- Ideais teóricos, usando as ciências exatas como referência;
- Abordagem psicológica das personagens;
- Correção e clareza na linguagem;
- Narrativa lenta e reflexiva.
Concomitante ao Realismo, o Naturalismo introduz o caráter científico ao Realismo – o homem é produto do meio, resultado do ambiente social e da hereditariedade psicofisiológica. O Parnasianismo, por seu turno, foi o estilo dominante (mas não único) de poesia da época que reforça, em oposição ao Romantismo, os valores clássicos – daí o equilíbrio entre razão, objetividade, purismo linguístico e perfeição formal.
Ainda no século XIX surge o Simbolismo, movimento literário que surgiu na França, como oposição ao realismo, ao naturalismo e ao positivismo da época. A primeira obra conhecida desse movimento é As Flores do Mal, do poeta Charles Baudelaire. As características desse movimento são: subjetivismo; musicalidade (aproximação entre poesia e música); transcendentalismo (a preferência pelas palavras: névoa, neblina, e palavras do gênero, transmite a ideia de uma obsessão pelo branco).
Após o Simbolismo na Europa surgiram as diversas vanguardas (Expressionismo, Fauvismo, Cubismo, Futurismo, Dadaísmo, Surrealismo) que semeara as ideias modernista, enquanto isso o Brasil viveu um período de transição: o pré-modernismo, até que em 1922 se inspirando nas vanguardas europeias e com o desejo de romper com o tradicionalismo surge o modernismo brasileiro que se divide em três momentos: Primeira geração ou chamada de “fase heroica“; Segunda geração ou “geração de 30“; Terceira geração ou “geração de 45“. Depois da década de 1980 o que se tem produzido até então se denomina pós-modernismo ou tendencia contemporâneas.
Por esse post é só, espero que tenham gostado, bons estudos!
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