“99 não é 100”
Eu sou apaixonada por documentários, acho o máximo e uma forma muito divertida de aprende um assunto. Lixo Extraordinário eu assisti pela primeira vez na escola, acredito que eu estava no segundo ano do ensino médio, em 2011… Desde então já o vi algumas vezes.
É um documentário maravilhoso que consegue mesclar artes plásticas, a questão do lixo na sociedade contemporânea, o árduo trabalho dos catadores e a possibilidade de transformação que a mudança da percepção artística pode proporcionar.
Em suma, o documentário acompanha por dois anos o trabalho do artista Vik Muniz com os catadores de material reciclado Sebastião, Ísis, Valter, Zumbi, Irmã, Magna e Suellem, no Jardim Gramacho, maior aterro sanitário da América Latina, localizado na cidade de Duque de Caxias, cidade localizada na área metropolitana do Rio de Janeiro. É no lixão que a arte acontece, a arte de ressignificar o olhar sobre o que é descartado, a arte de sobreviver.
Para mim o que mais marcou é a consciência dos catadores e a não romantização da pobreza, afinal eles querem mais do que aquelas condições de trabalho, eles sabem que tem direitos e que o Estado os nega. E a transformação desse trabalho árduo em arte contemporânea é fantástico.
Quando Valter dos Santos diz “99 não é 100” e explica o como cada atitude influencia de forma positiva ou negativa no mundo ele dá uma aula de educação ambiental revelando que sabedoria nunca foi uma questão acadêmica.
Uma crítica que não tira em nada a grandeza do documentário é que a trilha sonora não é boa, além disso, se fosse eu escrevendo o roteiro, eu tiraria as partes de explicações do projeto e focaria mais tanto no processo das obras, como nos catadores Sebastião, Ísis, Valter, Zumbi, Irmã, Magna e Suellem, eles têm muito a dizer.
Não tem nem como dizer que adquiri mais simpatia por um ou por outro, todos são extremamente encantadores. São pessoas inesquecíveis. Além disso, num pano de fundo, acho muito boa a crítica indireta a sociedade consumista, que descarta com facilidade sem pensar onde vai parar o lixo.
Reduzir a produção de lixo é quase um dever cidadão, afinal pequenos cuidados que envolvem reciclagem e reutilização podem ser eficazes para evitar que restos com potencial energético se acumulem sem eficiência no meio ambiente. Coisas que são trabalhosas, mas que levam um mundo para um lugar melhor, afinal “99 não é 100”, eu bem sei que 90, desses 99 são grandes empresas e não atitudes individuais, mas pouco já é alguma coisa, ao menos ajuda a dormir mais tranquilamente.
Assim, se puder veja o documentário e se inspire a ter atitudes mais sustentáveis.
Texto de Aryelle Almeida
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