Literatura: o que é, funções e gêneros literários

 

Colagem por Alice Ribeiro

A literatura é sempre feita em algum lugar, por alguém, em algum tempo, então sempre que se falar em alguma escola literária é preciso pensar em quem são os atores e em que contexto histórico a obra foi produzida. Além disso, é preciso também analisar como tais escolas literárias ou obras influenciam e reverberam na atualidade.

Afrânio Coutinho vai dizer que Literatura é:

“A Literatura, como toda arte, é uma transfiguração do real, é a realidade recriada através do espírito do artista e retransmitida através da língua para as formas, que são os gêneros, e com os quais ela toma corpo e nova realidade. Passa, então, a viver outra vida, autônoma, independente do autor e da experiência de realidade de onde proveio. Os fatos que lhe deram às vezes origem perderam a realidade primitiva e adquiriram outra, graças à imaginação do artista. São agora fatos de outra natureza, diferentes dos fatos naturais objetivados pela ciência ou pela história, ou pelo social.

O artista literário cria ou recria um mundo de verdades que não são mensuráveis pelos mesmos padrões das verdades fatuais. Os fatos que manipula não têm comparação com os da realidade concreta. São as verdades humanas gerais, que traduzem antes um sentimento de experiência, uma compreensão e um julgamento das coisas humanas, um sentido da vida, e que fornecem um retrato vivo e insinuante da vida, o qual sugere antes que esgota o quadro.

A Literatura é, assim, a vida, parte da vida, não se admitindo possa haver conflito entre uma e outra. Através das obras literárias, tomamos contato com a vida, nas suas verdades eternas, comuns a todos os homens e lugares, porque são as verdades da mesma condição humana.”

É importante lembrar que nos textos literários nem sempre a linguagem apresenta um único sentido, aquele apresentado pelo dicionário. A linguagem literária permite que quando empregadas em alguns contextos, as palavras ganham novos sentidos, figurados, carregados de valores afetivos ou sociais.

Quando a palavra é utilizada com seu sentido comum (o que aparece no dicionário) dizemos que foi empregada denotativamente. E quando utilizada com um sentido diferente daquele que lhe é comum, dizemos que foi empregada conotativamente.

A linguagem conotativa não é exclusiva da literatura, ela é empregada em letras de música, anúncios publicitários, conversas do dia-a-dia, etc.

Ademais, existem cinco funções literárias, sendo elas: a cognitiva, a lúdica, a estética, a político-social e a catártica.

Explicando brevemente cada uma delas, podemos dizer que:

A função cognitiva se refere à aquisição do conhecimento. Na Literatura, a escritora ou escritor tem uma noção pessoal da realidade que a rodeia. Assim, impulsionada por esse estímulo, ela produz textos que comunicam esse conhecimento ou percepção, onde sentimento e razão se fundem. A obra literária, dessa forma, exprime esse seu conhecimento intuitivo e estético a respeito da realidade que a cerca.

Já a função estética se apresenta na nossa capacidade de apreciar o belo, o bonito, no prazer que sentimos diante das coisas agradáveis, que tocam os nossos sentidos, as nossas emoções, o nosso intelecto.

No caso da Literatura, isso se relaciona ao emprego adequado da metrificação, do ritmo, da rima, das figuras de linguagem, da articulação dos personagens, da estruturação do enredo, entre outros elementos.

A função catártica, no que lhe concerne, se revela na descarga emocional que provoca no leitor ou no escritor um certo alívio da tensão, ou da ansiedade psicológica, ou moral.

Ao vivenciar as emoções e tensões transmitidas pelos personagens das narrativas (seja da prosa ou da poesia), o leitor ou o escritor estaria descarregando suas próprias tensões, medos, frustrações e assim se libertando (purificando) dessas emoções negativas.

Além disso, a obra literária também serve de instrumento de conscientização das pessoas e de transformação da sociedade. Por isso, a Literatura atua como um agente de participação nos movimentos e lutas sociais de uma época e de um povo nos quais o escritor se acha inserido. Muitos chamam a isso de “literatura engajada” que resulta da função político-social.

Por fim, a função lúdica tem o intuito de diversão, entretenimento, de forma que a arte pode servir como um deleite, arte pela arte.

Deve-se destacar ainda os gêneros literários

Aristóteles, em sua Arte Poética, definiu aquilo que chamamos de gêneros literários. Os gêneros literários reúnem um conjunto de obras que apresentam características análogas de forma e conteúdo.

No gênero épico ou narrativo há a presença de um narrador, responsável por contar uma história na qual as personagens atuam em um determinado espaço e tempo.

Os textos do gênero lírico, que expressam sentimentos e emoções, são permeados pela função poética da linguagem. Neles há a predominância de pronomes e verbos na primeira pessoa, além da exploração da musicalidade das palavras.

Por último, de acordo com a definição de Aristóteles em sua Arte Poética, os textos dramáticos são próprios para a representação e apreendem a obra literária em verso ou prosa passíveis de encenação teatral. A voz narrativa está entregue às personagens, atores que contam uma história através de diálogos ou monólogos.

Nessa postagem é só… Espero que tenha bons estudos e que o material tenha ajudado.